domingo, 25 de dezembro de 2011

Medo de grávidas



Quando eu era uma não grávida eu morria de medo de grávidas e bebês. Nunca sabia o que dizer, o que conversar; se a grávida ia preferir repetir mais uma vez sobre o ultrassom, o peso da barriga os vômitos, ou se preferia falar do último filme do Almodóvar e tava nem aí pra ficar desfiando rosários sobre a gravidez.

Tinha medo de falar alguma merda e tomar esporro. Tinha medo de pegar o bebê de alguém e automaticamente a criança começar a ter uma convulsão, um tremilique qualquer e eu não saber o que fazer.

(Um amigo meu tava contando que leu não sei onde que e linha negra, os bicos dos peitos que escurecem, as unhas que crescem rapidamente, tudo isso é mesmo para deixar a mulher com uma aparência mais agressiva e assustadora e proteger o bebê, já que todo mundo andava nu nas eras pré civilizatórias.)

Curiosamente, começaram a me chamar de "fio desencapado". Aparentemente eu virei essa grávida que eu mesma tinha medo. Não tenho papas na língua. Falo merrrrrrmo. Acho que eu nunca briguei com tantas pessoas na minha vida e arranjei tanta confusão. A última foi mudar o esquema de volta do Natal pois não queria entrar num carro que o cinto de segurança não tava funcionando. Antes eu entrava e ainda cochilava. E se fossem só questões de segurança física... não tô deixando barato nem opiniões sobre política internacional, futebol, sustentabilidade, variedades, cultura, ciências humanas, jogo do bicho. Não que eu não desse opinião sobre tudo antes, mas agora parece que existem coisas fundamentais que precisam ser ditas. :-)

Talvez os hormônios te treinem para todas as brigas que estão por vir para defender o filhote, que essa memória genética venha das cavernas, de quando você preciasava defender os bebês dos piolhos, dos tigres, dos mamutes, dos outros seres humanos, e com a evolução acabamos achando por bem defender um mundo de uma certa maneira, a maneira que achamos correta, aquele mundo que desejamos que o filho viva.

Vai ver é por isso o medo de grávidas. O mesmo medo que temos daquelas pessoas esquisitas que teimam em acreditar que o mundo pode ser outro, o medo que temos daquelas pessoas que inventam o outro mundo quando não podem mudar o que lhes cabe. Medo de gente marginal,  essa gente que é capaz de qualquer coisa, sabe?

E, quem diria, eu que fugia de grávidas, agora sou dessas. Dessa gente maluca que faz gente. E quem faz gente pode fazer qualquer coisa.

domingo, 18 de dezembro de 2011

Último capítulo da saga do Ultrassom Morfológico

Francamente, a Golden Cross se mostrou um plano não confiável, e não confiável é o termo que eu uso para ser elegante. O que eles fizeram se caracteriza como crime contra o consumidor, fora o constrangimento e o estresse que me fizeram passar que se eu quisesse e tivesse paciência, poderia se tornar um processo de dano moral, como meu pai e meu primo, que são advgados, pontuaram muito bem.

Contactei a Golden Cross. Expliquei todo o problema para atendente do plantão. Ela consultou o médico do plano que disse que o exame só poderia ser feito via transvaginal (de novo? sério?) expliquei pacientemente que isso era mentira, que já tinha consultado dois médicos e eles informaram que não havia nenhum problema de fazer via pélvica. Ela insistiu: nesse período da gravidez "não dá pra ver nada via pélvica". Cara, para quê o plano MENTE? Gente, eu consultei DOIS MÉDICOS.

Depois de muita argumentação, a atendente disse que liberaria uma "senha especial" para que eu pudesse realizar o exame no laboratório A+. Pedi o protocolo, e a atendente informou que esse tipo de ligação não tinha protocololo. Pedi a tal "senha especial" e ela disse que era só marcar o exame normalmente que os funcionários do laboratório ligariam e com o número da minha carteirinha liberariam o exame sem problemas.

Você acreditou? Nem eu. Liguei pro A+, e o meu caso já era de conhecimento da ouvidoria. Fui encaminhada para o Pedro Passos, responsável pelo meu caso. Ele conseguiu um encaixe para mim, pois como tava em cima da hora eu não ia mais conseguir fazer o exame no tempo certo, consultou o meedico do A+ que também concordou que não havia nenhum motivo para fazer o ultrassom por via transvaginal já que o pedido da minha médica era um morfológico por via pélvica.

Chegou o dia, e adivinha? Quem adivinhar ganha um doce, hein? O laboratório ligou para liberar a tal "senha especial" e a atendente do A+ já veio com aquela cara de que deu algo errado. Ela me informou muito educadamente que a Golden simplesmente não tinha liberado senha nenhuma, que era uma alteração que não servia para o laboratório faturar o exame. Nisso falei pro Gabriel que ia pagar e que ia entrar com o processo. Azar, não ia transformar esse momento em estresse novamente. Ouvindo isso a atendente falou: não precisa pagar. A ouvidoria do A+ libera o exame Pro Bono, pois entende que existiu uma falha de comunicação com o plano da primeira vez.

Cara, não acreditei que o laboratório entendeu e o plano de saúde não. Que o laboratório A+ através de sua ouvidoria e do excelente atendimento do Pedro Passos teve mais discernimento, que teve mais respeito pelo consumidor e pelo ser humano que estava a sua frente do que o plano de saúde que eu pago há ANOS e que só usei UMA VEZ antes da gravidez por causa de um terçol.

Eu nunca fico doente, tenho uma saúde sólida, pra eu ficar doente precisa cair um TIJOLO na minha cabeça. Na única vez que eu preciso do plano ele se mostra incompetente, exercendo a má fé sem nenhum constrangimento.

Aliás a novidade deles é dizer que só cobrem meu parto no São Luiz se for cesárea marcada, e não parto normal. WTF? Eu vou abrir tanto protocolo na ANS que pretendo ser a responsável por metade das multas deles em 2012. Quem sabe assim eles não aprendem a respeitar o consumidor.

Só ficaram três coisas boas nessa história toda: a coisa 1 é que descobrimos que é uma garotinha! estamos bem felizes. A coisa 2 é que ela é saudável como a mãe, de uma solidez incrível. :) E a terceira coisa é que eu posso confiar no laboratório A+ para fazer os exames da minha gravidez que serei bem tratada e respeitada como um ser humano e não como um número com bolsos de onde se drena dinheiro. Pois para Golden Cross é examente isso que seus clientes são: sacolinhas de dinheiro que não merecem respeito.

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A minha mãe trabalha na ouvidoria da Petrobras, no Rio de Janeiro. Ela foi uma das funcionárias que implantou esse modelo de ouvidoria no Brasil que é exemplo e case para as ouvidorias no mundo inteiro: independentes, que respeitam a confidenciabilidade, que respeitam as diferenças de gênero, cor, orientação sexual. Eu fico muito feliz quando ouvidorias funcionam, pois vejo o trabalho de formiguinha da minha mãe dando frutos aqui e ali. E a ouvidoria do A+ (através do seu funcionário o Pedro Passos) foi um exemplo de como ouvidorias devem funcionar: ouvindo de verdade, vendo o ser humano atrás da reclamação.

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Espero que eu possa voltar pra minha programação normal e falar das coisas LEGAIS da gravidez e não ficar resolvendo problemas causados pela má fé e incompetência do plano de saúde.

quarta-feira, 14 de dezembro de 2011

Golden Cross, o plano que mente para os seus clientes

E não é que mente assim, uma mentirinha à toa.

Mentira desvalada. E a mentira é dizer que cobre um exame que na verdade não cobre.

Ué, como assim? Isso não configura propaganda enganosa? Isso não configura mentir para o consumidor?

Você liga no plano, consulta o livro do plano e o plano informa que o exame é coberto. Você consulta a Rede Referenciada de laboratórios e hospitais que fazem o exame. Mas quando você solicita o exame a Golden Cross diz que aquele estabelecimento, e só aquele, não realiza aquele exame específico. Mas adivinhe? NENHUM DOS ESTABELECIMENTOS CREDENCIADOS realiza o exame.

E não é a primeira vez. Isso aconteceu quando tentei fazer o Ultrassom Morfológico de Primeiro Trimestre. Expliquei nesse post aqui.

Agora para me calçar, liguei para a Golden Cross e perguntei se o exame poderia ser feito no São Luiz. A Golden Cross confirmou que pelo meu plano, o Golden Cross Empresa Rede Especial o exame poderia ser feito sem problemas.

Liguei para o São Luiz e mais uma vez perguntei: Posso fazer o Ultrassom Morfológico de Primeiro Trimestre pela Golden Cross Empresa Plano Especial (frisei bem o nome completo do plano pois não queria mais surpresas)? Mais uma vez a resposta foi positiva.

Marquei o exame para o dia 14/12, quando completaria 12 semanas. Chegando no São Luiz a documentação foi entregue e no momento que me chamaram para Sala de Exame avisaram que o exame não havia sido autorizado. Liguei para Golde Cross e perguntei o que estava acontecendo. A resposta? Realmente o Hospital São Luiz é credenciado pela Golden Cross, mas não para fazer esse exame.

Mas a informação que foi me dada não foi essa. Tanto Hospital quanto Plano me informaram por telefone, através de seus atendentes que o exame seria feito sem mais problemas. Como da primeira vez a Golden Cross me orientou para que o Hospital lançasse outro código de exame e fizesse o Ultrassom. Ou seja, me orientaram a pedir que o Hospital cometesse uma fraude.

Perguntei então para atendente onde o exame poderia ser feito e a atendente da Golden Cross orientou que eu fizesse o laboratório A+. O mesmo laboratório do primeiro exame, que falaram que cobriam e não autorizava.

E aí Golden Cross? Vocês falam que cobrem o exame mas não permitem que a rede referenciada execute? Isso é crime contra o consumidor.

Detalhe que este exame só pode ser feito da 11ª até a 14ª semana. Ea média para conseguir a marcação é de duas semanas. Como eu estou na 12ª semana é possível e até mesmo provável que eu não tenha o diagnóstico necessário ao pré natal por conta da falta de responsabilidade e da mentira perpetrada pelo Plano Golden Cross.

A Golden Cross é tão irresponsável que faz que uma Gestante com Hiperemese Gravídica, em repouso, passe por esse tipo de estresse. Vim no carro passando super mal por conta do nível de transtorno que eu passei, sem acreditar que aos três meses de gravidez estou passando pela mesma coisa pela segunda vez na gravidez, ser vítima da mentira do plano de saúde.

O curioso é que pela rede pública esse exame é marcado normalmente para as gestantes que são atendidas pelo SUS. Não é um luxo, algo supérfluo.  Infelizmente eu não tenho tempo de em duas semanas antes do Natal ir no excelente posto de saúde aqui da Vila Romana e conseguir a marcação. Certamente eu, como gestante, seria bem melhor atendida, respeitada nos meus direitos.

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Depois da confusão do laboratório A+ a ouvidoria me ligou dizendo que houve uma confusão e que o exame poderia ser feito normalmente e pediram desculpas pelo transtorno e disseram que eu poderia retornar e fazer o exame sem transtornos. Até gostaria de tentar, mas e o medo de passar por tudo isso normalmente?

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Eu até poderia pagar o exame. É caro, mas não é impossível. Eu só acho uma puta sacanagem eu escolher um plano com anos de antecedência sabendo que poderia ficar grávida, pela rede que ele ofereia e descobrir que não vale nada do que está escrito e você é refém desse tipo de situação. Golden Cross Fail.

quinta-feira, 8 de dezembro de 2011

Preciso confessar que...

...os melhores momentos da gravidez são os que eu tenho ficado só eu, o gabriel e minha barriga. O mundo lá fora anda muito barulhento.

segunda-feira, 5 de dezembro de 2011

Não Use O Bebê - Lista

Esse post é sobre como as pessoas as vezes usam o bebê para justificar as próprias decisões ao invés de assumirem logo que fazem é por arbítrio próprio. Tenho um bode quando isso acontece, pois a criança tá na barriga ainda e a usam para manipular e se proteger. Pô, deixem o bebê em paz se você fez ou quer fazer algo não é pelo bebê e sim por si mesmo.

1 - nossa, tava muito duro, mas estourei o cartão de crédito para conprar coisinhas pro seu bebê. Não resisti - você estourou o cartão por que é descontrolado, o bebê não tem a ver com isso.

2 - olha, fiz uma tatuagem, é em homenagem ao bebê. - não, não é uma homenagem. Você fez a tatuagem por que quis, o bebê nem tem sexo, nem nome, ele não é um golfinho, uma estrela, uma flor ou uma caveira.

3 - Não vou aceitar esse emprego/bolsa de estudos em outra cidade para acompanhar o crescimento do bebê - se você não for o pai do bebê, não faz o menor sentido perder uma oportunidade por isso. Skype e promoção da gol tão aí pra isso. Admita que o problema é a sua falta de vontade e o bebê não tem nada a ver com isso.

4 - Briguei com fulano pois ele falou algo que não gostei sobre a gravidez. Foi para proteger o bebê. - se você briga com alguém o problema é seu. Não use bebê para justificar seus desafetos e antipatias, a única proteção que o bebê precisa é ficar tranquilo na barriga da mãe.

5 - Apareci na sua casa sem avisar, desculpe, mas não ia dormir se não visse o bebê hoje. - pois é. Mas o bebê viveria muito bem. Então a sua ansiedade é sua, o bebê não enfiou a mão pra fora da barriga e te ligou. Você apareceu sem avisar por que quis. A culpa não é do bebê que está te atraindo.

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Eu podia ficar horas e horas colocando infinitos itens nessa lista. Parece que a simples existência do bebê serve para justificar qualquer coisa. Não, não serve. O bebê já tem sua própria agenda: sobreviver e nascer. Todas as outras coisas são só nossos objetivos e vontades e como adultos deveríamos arcar com eles sozinhos e não jogando a responsa pra cima de alguém que nem nasceu. Entendido?

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Meu amigo o Danilo, ouviu minhas reclamações sobre isso de manhã e anunciou que está desempregado para dedicar mais tempo ao bebê. hahahahahahahaha

domingo, 4 de dezembro de 2011

Desejo da semana


Imagem: Tiago A. Pereira - Creative Commons.

Fiquei verde (ou seria roxa?) por beterraba. Comi crua e ralada, cozida em rodelinhas. Ontem catei uma receita de risoto de beterraba com coalhada seca na Cozinha Pequena. E fiz a festa.

Acho que essa coisa dos desejos tem mesmo a ver com uma questão nutricional. Eu não tive nenhum desejo não-saudável até agora. Quis tomar litros de suco de caju, comer Lámen no Aska (mas era uma coisa tão forte, que eu falava Lámen e minha boca enchia de água, foi triste a espera até poder ir lá) e agora, beterraba.

Agora que os enjôos passaram (eu só enjôo quando de ando de carro), eu tenho acordado com uma fome de três silvícolas. Acordo, mexo um ovo e coloco no pão, amasso uma banana, bato uma vitamina com leite e fruta, uma alegria só. A noite não quero comer nada, mas dou uma forçadinha, pois tô tentandos seguir a recomendação de comer de três em três horas. E o legal, que apesar de ter uma alimentação saudeavel antes eu tô redescobrindo alimentos que eu nem lembrava de colocar no meu cardápio, como a beterraba e o chuchu.

Espero que meus desejos continuem assim criativos e fáceis de serem realizados nas próximas semanas. :-)

Um pequeno ♥


Alice, o bebê mais fofo da zona oeste e adjacências


Pra irmã do Gabriel, a Lia Salomão. Cara, sem ela e sem a Alice minha sobrinha-bebê-muffin-mais-fofa-do-mundo eu entraria em pânico três vezes ao dia. É muito confortante ter alguém próximo que acabou de passar por isso. Quem diz que gravidez é moleza devia ficar grávida anualmente com intervalos mínimos pra ver o que é bom pra tosse, homens inclusos. :-) A verdade é que é sim, muito legal por um lado, mas dá pra ficar muito neurótica com qualquer coisa (ai senti uma dor na planta do pé - aí você dá um google e dor na planta do pé está relacionada a partos prematuros. Pra TODO sintoma irrelevante da gravidez tem um site/blog/especialista dizendo que vai dar tudo errado). Mas aí eu olho pra pequena muffin e dou uma mini conversadinha com a Lia e lembro que vai dar tudo certo, pois simplesmente tem que dar. E dá.

Quando eu comecei a sentir os primeiros sintomas da gravidez achei que tava com um tumor no cérebro, para vocês terem idéia da neurose. Enxaqueca e salivação, uhum, acho que já vi isso num episódio de House... Então é muito confortante lembrar que nem toda dor, nem todo estica e puxa, nem todo vômito é sinal de tragédia. É só sinal de que você está grávida, fazer o que, guenta aí que daqui uns meses passa. E você vai ter a vida inteira pra ser neurótica e feliz com outras coisas, como com esse sorrisão banguela aí.

sexta-feira, 2 de dezembro de 2011

Feminismo e Gravidez


Toda Mulher É Meio Leila Diniz
Ficar grávida é ter que tomar muitas decisões a respeito do próprio corpo. Caso seja uma gravidez não desejada, a decisão de levá-la ou não adiante, e arcar com as consequências dessa decisão. Decidir até que ponto se aceita intervenções médicas invasivas como a amniocentese, decidir o tipo de parto, de amamentação. E depois que o bebê nasce arcamos com decisões a respeito do corpo do outro, e como mãe essa decisão é (ou deveria ser) soberana: desde furar as orelhas de sua filhotinha até seguir ou não o protocolo de vacinação oferecida pelos pediatras.

A mulher tem que estar muito fortalecida, segura e bem informada para tomar essas decisões com tranquilidade. Por que olha, cada um vai dizer uma coisa e todo mundo vai te dar um monte de opiniões conflitantes. Então é você que tem que querer.

Quando pensava em como levaria a gravidez, não tinha a mais puta idéia do que aconteceria, achava que questões relativas ao feminismo iam ter muito mais a ver com a criação que você dá pra criança depois que ela é maior do que em questões relativas ao processo de gerar. Posso dizer que isso foi uma baita ingenuidade. Tolinha.

Já me torceram o nariz quando souberam que eu não era casada. E olha que eu vivo em um relacionamento estável com o pai da criança, que é meu namorado, marido, companheiro e tudo mais. Depende do nosso humor na hora. Já torceram o nariz para um nome relativamente unissex que eu escolhi, pois isso pode "confundir a criança" (me pergunto até agora a que tipo de confusão essa mente pervertida se refere). Nem comento sobre puta trabalho que dá você decidir por um tipo de parto que foge do parto convencional de convênio médico, quase uma certeza de cesárea com um plantonista mal humorado com essa mulé parindo (assunto para outro post) ou sobre mulheres que a pretexto de serem defensoras de um parto natural julgam e condenam outras mulheres sem dó nem piedade (assunto para outro post também).

Todas essas questões são questões muito pertinentes ao (meu) feminismo, que se descortinam agora pra mim e se impõe como realidade, pois feminismo não é só a luta pela igualdade num mundo desigual, é sobre as mulheres e o poder de escolher o que é melhor para si mesmas, suas vidas e seus corpos. E existe transformação corporal mais radical e consequências sociais e de vida mais dramáticas do que as proporcionadas por uma gravidez?

Acho curioso que sejamos vistas pelo senso comum como um bando de mulheres que odeiam outras mulheres, que não suportam a idéia de ter filhos e que têm como único objetivo a eliminação dos homens do planeta. Em tempos de internet é mole dar um googlezinho, achar livro da Simone de Beauvoir em pdf, um blogzinho tipo esse aqui, um artigo acadêmico, um textinho de Feminism for Dummies e se informar, descobrir que poder de escolha é a luta mais bonita do feminismo, e escolha é também é a chave para viver com tranquilidade todo o processo gestacional.

O parto da Lilian

A Casa Angela é uma casa de parto na Zona Sul de São Paulo. Ela atende gratuitamente as mulheres da região de M'Boi Mirim e mulheres de outras regiões têm a opção de pagar. O legal da casa Angela é que nas consultas pre natais ela é preparada com informações sobre parto, tem acesso a informações preciosas que se não forem ditas podem fazer com o que um trabalho de parto acaba na mesa de cirurgia em uma cesariana desnecessária. A Lilian Andrade teve sua filhinha lá, e conta um pouco de como foi a experiência nessa matéria.



Confesso que toda vez que tenho visto/ouvido relatos de parto tenho chorado pra caramba... É mais forte do que eu! :-)

quinta-feira, 1 de dezembro de 2011

Gorda

Por mais que você saiba que está grávida, eu acho essa fase do início bem complicada para a autoestima. Ninguém sabe que você está grávida, você parece uma chubzinha fora de forma, principalmente quando está de biquini e calcinha. (tô quase abolindo, pq pelada me sinto bem melhor do que com as carcinha me apertando as carrrne).

Hoje eu fui à praia e o biquni que cabia perfeitamente até uma semana atrás começou a entrar na bunda e não cobrir a virilha direito. Ainda bem que como é dia de semana a praia estava vazia e eu estava entre amigos e relaxei. O problema é que isso está acontecendo com todas as minhas calcinhas.

Eu nunca fui a hippie louca da bata, mas tô achando que não vai ter jeito. Vou comprar um brinco de pena e fingir que fumo maconha até minha barriga de verdade aparecer. Sei lá, usar uma sandália de couro. 

Pois é assim, seu útero, abaixo do osso do púbis e do umbigo tá duro e crescendo. Aquela pancinha debaixo do umbigo se reacomodou INTEIRA ao redor do umbigo, fazendo de você uma barrigudinha daquelas que tomam muito chope ou não resistem a um muffin. Ninguém acha que isso é gravidez.

Lógico que na maioria das vezes eu não tô nem aí. A pança só significa que filhote está bem, crescendo, saudável. Mas às vezes olho no espelho e acho inevitável não me assustar que meu status gradualmente está mudando de fêmea atraente potencial reprodutora para fêmea já fecundada e de potencial sedutor nulo. E isso não tem nada a ver com estar gorda, quem já era mais cheinha ou bem magra também deve sentir mudanças bem parecidas. Na verdade a principal coisa é que essa mudança física é muito rápida, e é complexo se adaptar assim, de chofre.

Explico agora o potencial sedutor nulo: gravidez não impede (ou não deveria impedir) ninguém de transar. Ao menos não impediu a mim. Mas gente, vocês acham mesmo que é fácil, mesmo pra uma mulher bem resolvida e cheia de auto estima ganhar 2 kg por mês (no barato) durante nove meses? Numa sociedade que estampa pré púberes anoréxicas em todo canto, como símbolo virginal intocado de desejo e aspiração (e por isso também estéril), a grávida é quase uma obcenidade.

Conto nos dedos os homens e mulheres que falam sinceramente: a mulher grávida é bonita, seus contornos são sensuais. Dedos de uma mão só diga-se de passagem. Pata talvez seja o animal com o qual mais seremos comparadas depois do evento gravídico. Esquece a gata, gente. Só daqui um ano e meio, se a natureza for generosa. Mas isso é quando a gente fala do olhar do outro.
No vídeo acima, Beyoncé, aos 4 meses de gravidez se apresentando no VMA

Se a gente for menos apegada aos padrões estéticos e de consumo que a sociedade nos impõe e prestarmos mais atenção nas sensações da gravidez, vamos perceber um movimento completamente diferente, quase uma contradição: quanto mais a gravidez avança mas eu me sinto gostosa. poderosa, sinistra. Eu sempre reparei essa empáfia na cara das grávidas, e nunca entendi exatamente o que era. Pois é. Não é empáfia não. É poder.

Tudo na gravidez grita para que façamos isso: para que olhemos mais para dentro do que para fora, mas o mundo chama e os velhos hábitos estão enraizados e a gente acaba resistindo a esse apelo da gravidez de esquecer o que está no entorno e se tornar mais autocentrada. Desvendar a verdade do que estamos sentindo. Parece que esse é um dos ensinamentos, e quando o aceitarmos teremos nós todas, para sempre, um ventilador metafórico pra balançar nosso cabelo cada vez que colocarmos os pés no palco. Tipo a Beyoncé. ;)

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Só a nível de curiosidade: é saudável engordar de 10 a 15kg na gravidez. Mulheres magrinhas geralmente variam para mais (o corpo precisa de mais aporte calórico),  e mulheres mais cheinhas podem variar menos. Mas o importante é se alimentar bem e não fazer dieta de emagrecimento. Sei que parece óbvio, mas tem gente que realmente acha que jejum durante a gravidez é algo aceitável para saúde. Não, não é.


A árvore de natal

Cheguei no Rio ontem, como sempre ansiosa, meio tensa com a viagem. Tinha planejado ver minha vó, meus primos, mas uns reveses de trabalho vão me fazer voltar para São Paulo antes do tempo.

Já desembarquei triste e mal humoarada por esse ano que tá demorando horrores para acabar, pelo azar das gravações no rio terem caído e eu ser obrigada a voltar para São Paulo sem conseguir compartilhar esse momento com a minha família e com os meus amigos. Por ter que fazer um ultrassom novo nas vésperas do natal e não poder ficar mais tempo com minha família no fim do ano e ajudar a preparar o natal, coisa que eu adoro.

Daê sentindo toda essa shit, eu chego na casa da Tia Marinete e vejo a árvore de natal que ela montou para me receber. Sério, vou botar a foto, vocês não vão acreditar.

Árvore de natal da Tia Marinete, da Malu e do Guiga

Tem como não amar minha família? Tem como não amar natal? É uma árvore que ao invés de bolas e luzinhas tem sapatinhos de bebês, mamadeirinhas, chupetas, bebezinhos em miniatura. Cara, eu pulava feito uma criança quando eu vi.

Esse baby já está sendo muito bem recebido, vai ser um folgado. ;)